4.18.2006

Medo de estragar a lembrança

Voltar a planos céticos, que vêem a tona numa possível realidade minha, só.

Deixar na lembrança a negação da amizade, jamais iniciar a conversa, apenas história de amor.

Desculpa de cego, querendo ser mudo, para não falar do que finge não ver. Estranheza.

Por trás da câmera fotográfica o olhar nunca é ingênuo. Revelada, a beleza de se sentir visto. E fica por isso mesmo, e mesmo assim não sai da cabeça.

Esqueço porém, do lado oculto do abraço, de qualquer outro lado. Fecha-se o ciclo, continua a insistência de não ser enterrado.

Olhos ardidos de dor, raiva.

Pensamentos soltos. Descontinuados, oscilantes, incertos, incompatíveis e indiscutíveis.

Querência de palavras, escritas, faladas.

Essência de tédio, desejo de vazio ainda maior.

Distância permitida e suplicada pela incerteza de sentidos.

Desespero para voltar para ainda mais longe, onde a memória não alcança e o olhar nunca vai.